A hipnose utiliza a técnica de indução do transe, que é um estado de relaxamento semi-consciente, mas com manutenção do contato sensorial do paciente com o ambiente.
O transe é induzido de modo gradual e por etapas, através da fadiga sensorial, que geralmente é provocada pelo terapeuta usando a voz, de forma calma, monótona, rítmica e persistente. Quando o transe se instala, a sugestibilidade do paciente é aumentada. A hipnose leva então a várias alterações da percepção sensorial, das funções intelectuais superiores, exacerbação da memória (hiperamnésia), da atenção e das funções motoras. Estabelece-se um estado de alteração de estado da consciência, sendo importante ressaltar que o paciente não dorme.
Nos dias atuais a hipnose é reconhecida como um tipo de tratamento adequado para certos quadros psiquiátricos, e até mesmo como um método de valor para aumentar a resistência imunológica de pacientes, aumentando o nível de células brancas (leucócitos) responsáveis pela defesa do nosso organismo contra as doenças. Por esse motivo, tem sido muito utilizada na terapia da AIDS, pois parece ser o método que mais rapidamente altera a psicoimunologia dos pacientes. Também tem sido utilizada para câncer, no tratamento de doenças psicossomáticas (por exemplo, úlceras de fundo nervoso e fibromialgia), sendo um dos métodos que obtêm resultados mais breves e eficientes.
A hipnose é um dos tratamentos utilizados para:
- Tirar alguns sintomas de certas doenças mentais, como ansiedade;
- Reduzir o estresse; tratar traumas psicológicos;
- Tratar medos (fobias), como medo do escuro, avião, elevador, etc;
- Auxiliar o tratamento de alívio de dores crônicas, como na artrite, na dor provocada por tumores, etc.
Ao contrário do que a ficção muitas vezes retrata, ela não tem poder para alterar os valores éticos e morais do paciente.
Acredita-se que 90% das pessoas é hipnotizável pelo menos a nível das necessidades de terapêutica médica; alguns podem não o ser para etapas mais profundas, como de pesquisa pura. Esses 90% têm graus diferentes de sensibilidade: todos eles podem ser colocados sob hipnose, mas isso depende do profissional, que tem que realizar um esforço maior ou menor em seu trabalho.
A hipnose tem muitas indicações específicas em psicologia, psiquiatria e em medicina geral. Tirar a dor é uma das suas indicações básicas. Na verdade, como não se pode mentir ao paciente sob hipnose, a sugestão não é a de que a dor deixou de existir, mas que ela se vai transformando progressivamente numa sensação tolerável de formigamento ou de calor.
Outra área de aplicação da hipnose médica, com bons resultados, ocorre no controle das doenças psicossomáticas, tais como a asma, o colon irritável, e os problemas psicodermatológicos (como eczemas).
O controle dos impulsos é outra excelente área de atuação para a hipnoterapia. Ela se revelou de grande valor para o tratamento de distúrbios das condutas dependentes do controle de impulsos, tais como:
- As alterações de comportamento alimentar (obesidade, anorexia e bulimia);
- Os impulsos inibidos ou exacerbados da sexualidade e a correção de suas disfunções em todas as faixas etárias;
- O controle do impulso do jogo;
- As diferentes dependências químicas, do álcool ao “crack”, passando pelo fumo.
A hipnose também tem valor quando usada para complementar outras formas de psicoterapia, tais como no tratamento dos medos fóbicos, no domínio sobre os instantes de desencadeamento da doença do pânico, no controle da ansiedade e dos componentes emocionais da depressão, no controle do impulso suicida e reativação dos valores da vida, etc. Em muitos desses casos, ela é acompanhada também do uso de medicamentos apropriados (como antidepressivos).