Existem pessoas que se sentem presas em casamentos e não consegue abandonar. Sentir-se preso é um estado de espírito, e ninguém precisa de consentimento para sair de um casamento. Muitos permanecem em casamentos infelizes por muitos motivos, que variam de sensações de vazio a situações de abuso. Contudo, a sensação de sufocamento ou de não ter escolha origina-se de um medo que na maioria das vezes é inconsciente.
As pessoas costumam dar desculpas para se manterem em casamentos ruins, desde a responsabilidade de cuidados com crianças pequenas até os cuidados com um companheiro doente. O dinheiro também une os casais, especialmente em uma economia ruim. Todavia, os casais mais ricos se apegam a um estilo de vida confortável, enquanto seu casamento se transforma em apenas um arranjo comercial.
As donas de casa receiam ser mães solteiras ou autossustentáveis, e os chefes de família temem pagar pensão alimentícia e ver seus bens divididos. Os maridos temem sentir-se envergonhados por abandonar um casamento “fracassado”.
Grande parte das pessoas acredita que está muito velha para encontrar o amor novamente. Além disso, algumas culturas ainda estigmatizam o divórcio.
Existem justificativas mais profundas e inconscientes que mantêm as pessoas presas, e geralmente é o medo da separação e da solidão. Em relacionamentos mais longos, os cônjuges raramente desenvolvem atividades individuais ou redes de apoio. As mulheres tendem a ter cônjuges nas quais confiam e costumam ser mais próximas dos pais, os homens se concentram no trabalho, desconsideram suas necessidades emocionais e contam exclusivamente com o apoio da esposa.
Mulheres codependentes abandonam seus amigos, hobbies, atividades e adotam os de seus companheiros. O efeito combinado disso aumenta o medo da solidão e do isolamento. Os cônjuges casados por muito tempo adotam a identidade do marido” ou “esposa”.
Algumas pessoas nunca viveram sozinhas. Elas saíram da casa dos pais diretamente para um casamento, mas nunca saíram psicologicamente de casa, o que significa tornar-se um adulto autônomo. Elas estão tão ligados ao seu cônjuge como são ou já foram ligadas aos pais.
Passar por um divórcio ou separação traz consigo o trabalho inacabado de se tornar um “adulto” independente. O medo de deixar o cônjuge e os filhos pode ser por medos e culpa que eles teriam ao se separar dos pais, que foi evitado ao se lançar num relacionamento ou casamento.
A culpa por deixar o cônjuge pode ser devido ao fato de seus pais não encorajarem apropriadamente a separação emocional. Embora, o impacto negativo do divórcio sobre os filhos seja verdadeiro, as preocupações dos pais também podem ser projeções dos seus próprios medos.
Autonomia implica ser uma pessoa emocionalmente segura e independente. A falta de autonomia não apenas torna um divórcio difícil, mas naturalmente também torna as pessoas mais dependentes de seu cônjuge.
As pessoas por um lado querem liberdade e independência; por outro, elas querem a segurança, mesmo em um casamento ruim. Autonomia não significa que você não precisa dos outros. Através dela é possível experimentar uma dependência saudável de outras pessoas, mas sem medo de se sufocar. Essa falta de autonomia é o que muitas vezes torna as pessoas infelizes no casamento, ou incapazes de se comprometerem. Como elas não podem sair, então elas também temem se aproximar. Possuindo o medo de depender ainda mais e de se perderem. Elas agradam ou sacrificam suas necessidades, interesses e amigos e, então, criam ressentimentos em relação ao cônjuge.