Estresse nas organizações do século XXI

O presente texto visa refletir sobre um tema muito relevante para aqueles que, direta ou indiretamente, lidam com pessoas, principalmente dentro das empresas. Trata-se, pois, do estresse. Convém-nos, aqui, antes, entender o conceito de estresse. O nome vem do inglês stress, que, segundo o dicionário Michaelis, significa “reação do organismo a influências nocivas de ordem física, psíquica ou infecciosa capazes de perturbar o equilíbrio”. Em outras palavras, é a forma pela qual o organismo reage às pressões a que um indivíduo sofre. Em contrapartida, nossa sociedade é produto das organizações, porque tudo à nossa volta está relacionado com elas. Não existem pessoas sem as organizações e esta depende daquelas para que seu objetivo seja alcançado. A relação homem-trabalho vai muito além das atividades exercidas e da remuneração recebida. Há entre ambos uma dependência mútua. Não raro, veem-se pessoas trabalhando de segunda a sábado, doze horas por dia. A pressão dentro das empresas é intensa, visto que se têm metas a serem cumpridas e prazos cada vez menores.

O ser humano é um ser biopsicossocial, isto é, tem suas necessidades que passam tanto pelas questões biológicas, psicológicas e sociais. Todavia, convivemos com pessoas que têm os mais variados temperamentos e, na visão de alguns autores, essa diferença tende a causar conflitos, mais notadamente no cotidiano das empresas. Tal divergência tende a configurar um desafio à sobrevivência do modo de ser, de pensar e de manter nosso  bem-estar biológico, psicológico e social. Lidar com pessoas que pensam diferente de nós é algo muito desafiador, porque tira-nos da zona de conforto. Dentro das organizações tem-se criado políticas internas a fim de que o ambiente se torne mais agradável; porém, isso não é regra. A competitividade tóxica criada a partir de uma ideia de que quem produz mais será o melhor tem levado muitos trabalhadores a adoecerem mentalmente, levando-os à somatização, ou seja, seu corpo adoece.

Atualmente, fala-se muito em síndrome de Burnout, que é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, sendo, inclusive, classificada como doença ocupacional, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a CID -11.  A área responsável dentro das empresas aptas a lidarem com tais situações é os Recursos Humanos, em que são tratadas todas as demandas que os empregados os levem. No que tange ao estresse, cabem às organizações cuidarem de forma mais sistemática e com metodologias específicas as demandas de saúde mental de seus empregados.

Há alguns estudos que sugerem que a produtividade de seus empregados está proporcionalmente ligada à qualidade de vida dentro das empresas. De uma forma geral, o estresse ocupacional é algo que traz muito sofrimento àqueles que o desenvolve; mas para as empresas – de qualquer segmento e porte – mediar para que seus empregados tenham uma qualidade de vida dentro delas é algo que certamente fará com que o ambiente se torne mais humano, diminuindo muito o absenteísmo, isto é, as faltas do trabalho e aumentando a produtividade.

Ricardo Sorati 

Bacharel em Administração de Empresas 

MBA em Gestão de Pessoas 

Pós-Graduado em Psicologia do Trabalho 

CRA/SP 142.517