Construção de adultos vencedores

Vivemos numa sociedade onde somos cercados de regras desde quando nascemos, afinal, somos cidadãos e devemos respeitar o que nos é imposto.

Criança mal educada, pirracenta e achando que pode fazer tudo, infelizmente, existem muitas, pois é difícil impor limites aos nossos filhos. Sem dúvida é bem mais fácil impor limites ao filho dos outros. Mas, não devemos esquecer que impor limites significa educar. Por mais “fofa” que uma criança possa ser, não há quem consiga conviver, nem que seja por alguns instantes, com criança sem limite.

Mas, normalmente, esses comportamentos indesejados não são criados sozinhos. Por trás desses há um adulto responsável, seja ele pai, mãe, tios, avós… Uma pessoa que, em vez de educar, acaba por fortalecer ainda mais os maus hábitos da criança. E, quando isso ocorre, o resultado é aluno indisciplinado, com baixo rendimento escolar e uma dificuldade grande para se adequar às regras da escola.

Educar um filho é uma das tarefas mais difíceis da vida. Mas quem ama cuida. Criança tem que saber se comportar em qualquer lugar. Por amar demais, muitos adultos acabam por deixar fazerem tudo e acabam por não respeitarem ninguém. Ensinar limites contribui para a formação de um adulto responsável, que sabe respeitar as pessoas e as regras que a sociedade impõe.

O “não” é uma das primeiras palavras que a criança aprende. Mas, devido à dificuldade do adulto impor limites por “amar” e não querer dizer o “não” faz com que quando se tornarem maiores não saibam perder em nenhum sentido da vida, podendo, inclusive, apresentar comportamentos desafiadores impulsivos violando todas as regras. Uma criança que foi educada sem limite pode desenvolver transtornos psicológicos.

A frequência com que as crianças são encaminhadas à terapia tem despertado a atenção de psicólogos e educadores. As queixas estão associadas à desobediência, mau comportamento, agressividade, entre outros aspectos. Mas, o que tem preocupado é o fato de que geralmente tais queixas fundamentam-se na falta de diálogo e ausência de limites dentro de casa. Antes, enquanto os “pais” trabalhavam fora, as “mães” tinham a responsabilidade de cuidar dos filhos, hoje com a independência adquirida pela mulher, os filhos geralmente ficam sob os cuidados de babás e/ou familiares e escolas. Nem sempre os cuidadores conseguem regras e estabelecem limites, funções que cabem em primeira instância aos pais.

A Terapia Cognitivo Comportamental tem como objetivo ajudar o paciente a desenvolver habilidades que lhe permita alterar pensamentos, emoções e comportamentos insatisfatórios. Na terapia com crianças há uma intervenção direta com pais e/ou familiares.

A falta de imposição de limites em crianças pode gerar desinteresse pelos estudos, descontrole emocional, mau comportamento em casa e na escola e agressividade.

A falta de limites também pode estar associada à superproteção e supercontrole. A criança precisa de autonomia e independência. O subcontrole é prejudicial, o equilíbrio garante a boa educação.

O supercontrole impede que as crianças tenham padrões de comportamento próprios. Quando os pais controlam a vida das crianças, elas não conseguem tomar decisões sozinhas e o subcontrole prejudica por não ensinar-lhes os padrões de comportamento cultural. Os pais devem estabelecer aos filhos padrões de comportamento e estes padrões devem ser reforçados a todo instante. Devem explicar aos filhos a importância de tal comportamento, seus benefícios e/ou malefícios, o diálogo faz toda a diferença.

Há pais que colocam regras e desejam que seus filhos cumpram sem maiores questionamentos. A relação entre pais e filhos acarreta assim frustrações, pois o autoritarismo impede que sejam consideradas as necessidades e os desejos da criança. Os pais corajosos explicam as regras e conversam com seus filhos.

Na educação permissiva é oferecida afeto, mas baixo controle. Os pais aceitam o comportamento dos filhos e dificilmente os punem. Já na educação indiferente nem oferece afeto, nem pune. Nesse caso, os pais procuram se envolver emocionalmente muito pouco com os filhos. O melhor para as crianças é a combinação de afeto e controle. As crianças que tem pais competentes nesse sentido tendem a ser mais responsáveis, independentes e amistosas.

Uma criança que não aceita as regras impostas, pode na fase adulta, conviver com desafios e frustrações com as quais provavelmente não saberá lidar.

A educação dos filhos não depende somente da escola. É necessário também que haja imposição de limite. Colocar limites não significa privar os filhos da liberdade, é preciso que os pais saibam colocar regras com afeto explicando o porquê e as consequências daquele mau comportamento. Colocar limites não é ser autoritário, mas, sim, ter autoridade.

Criança pede e precisa de limites e por mais que nos doa devemos dar, pois só assim contribuiremos para a formação de adultos educados, responsáveis e vencedores!