A violência vem sofrendo aumenta a cada dia em nossa sociedade, geradora de uma série de consequências na vida de pessoas e seus familiares. Isso acaba por afetar diretamente o seio familiar influenciando na questão educacional dos filhos. Muitas vezes, a violência pode ser confundida com agressão e indisciplina, quando se manifesta no ambiente escolar. A violência no ambiente escolar possui um tipo identificado como bullying sendo um dos comportamentos agressivos observados neste ambiente.
Constatini (2004) considera o bullying como comportamento ligado à agressão verbal, física ou psicológica que pode ser efetuada tanto individual quanto grupalmente. O bullying é um comportamento próprio das relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer através de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar.
Cada vez mais o bullying vem sendo reconhecido como causador de danos e merecedor de medidas especiais para a sua prevenção e enfrentamento.
Bullying é uma palavra de origem inglesa, que foi adotada por vários países para conceituar alguns comportamentos agressivos e anti-sociais e é um termo muito utilizado nos estudos realizados sobre a questão da violência escolar. Fante (2005), cita que acontece de forma velada, por “meio de um conjunto de comportamentos cruéis, intimidadores e repetitivos, prolongadamente contra uma mesma vítima” e com grande poder destrutivo, pois fere a “área mais preciosa, íntima e inviolável do ser- a alma”. O bullying vem se disseminando nos últimos anos, tendo como resultados os massacres em escolas localizadas nas mais diversas partes do mundo, incluindo o Brasil.
Fante (2005) considera que um dos ambientes mais preocupantes dessa prática é o escolar, haja visto que as crianças e os adolescentes ainda não possuem a personalidade totalmente formada, não possuindo amadurecimento suficiente para lidarem com as consequências do bullying.
A escola é o ponto de referência e o lugar de fazer amigos, estudar, conversar, jogar, rir e brincar. Nas escolas pais e educadores estão preocupados com a violência física.
O bullying representa uma forma séria de comportamento antissocial, podendo prejudicar o desenvolvimento da criança, tanto imediatamente como a longo prazo. Ele não seria conflitos normais ou brigas que ocorrem entre estudantes, mas atos de intimidação preconcebidos, ameaças com violência física e psicológica. Pode vir a afetar a auto-estima e a saúde mental dos adolescentes, assim como desencadear problemas como anorexia, bulimia, depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio. Muitas crianças vitimas do bullying desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e evitam voltar a escola quando a escola não a defende.
Fante (2005) cita que o bullying se manifesta através de insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, tomar pertences, meter medo, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais.
Para o agressor, os atos de bullying são divertidos por humilhar a pessoa vitimada. Quando esta aceita de forma pacífica, torna-se alvo de chacota também para outros alunos. O agressor se sente bem, pois para a sua turma ele é “o poderoso”, ele se satisfaz ao ver o riso dos colegas ou muitas vezes se sentem vingados pelas agressões ou humilhações que sofrem em outros ambientes, entre eles, o familiar ou simplesmente porque a educação que recebem dos pais serve de incentivo á violência e ao sadismo, sentindo prazer ao ver o sofrimento da sua vítima.
As agressões do bullying são consideradas gratuitas, pois a pessoa vitimada, geralmente, não cometeu nenhum ato que motivasse as agressões. Normalmente, acontece por motivos discriminatórios, por exemplo, ser de etnia diferente, ser um bom aluno e tirar boas notas, ser frágil ou muito pequeno, usar óculos, possuir atitudes afeminadas para os homens ou masculinizadas para as mulheres, ou seja, por seu porte físico, suas atitudes e valores, entre muitos outros.
As crianças que sofrem bullying poderão crescer com baixa-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. A vítima passa a ter baixo desempenho escolar, apresentam queda no rendimento, déficit de concentração, prejuízos no processo de aprendizagem, resistência ou recusa a ir para a escola, trocam de colégios com frequência ou abandonam os estudos.
Quando os pais permitem ou reforçam a agressão é possível que as crianças se comportem agressivamente em casa e, em outros lugares em que sintam ser a agressão permitida, esperada ou encorajada. A presença de um adulto permissivo favorece a expressão do comportamento agressivo.
A família é considerada o primeiro agente de socialização. As crianças aprendem e adquirem comportamentos através da observação e imitação. A família ideal é aquela que predominasse o amor, o carinho, a afeição e o respeito. Como isso nem sempre ocorre muitas crianças e jovens se desvirtuam e passam a reproduzir o que aprendem com seus familiares.
Para Fante e Pedra (2008, p. 52) o bullying sempre existiu no ambiente escolar, e tão antigo quanto ao nascimento da escola, porém “infelizmente, muitas escolas não admitem a existência do fenômeno”.
O papel da escola hoje não é somente ensinar conteúdos educativos. Deve ser um espaço de interação entre seus participantes. Um lugar onde as crianças e adolescentes aprendem a se relacionar, adquirem valores e crenças, desenvolvem senso crítico, autoestima e a segurança. Minayo (1999) cita como escola ideal a que favoreça um ambiente saudável e de formação para a a cidadania.
A escola deve proporcionar e incentivar a capacitação continuada aos professores e funcionários com o intuito de cultivar atitudes de respeito e tolerância entre os alunos e estarem preparados para ouvir as queixas das crianças e adolescentes e ajudar estas a buscarem soluções não violentas.
Quando as famílias tem participação no ambiente escolar e é próxima de seus filhos fica mais fácil identificar o bullying. Para o enfrentamento da violência ou do bullying deve ocorrer a informação e a formação dos alunos para um despertar para a cidadania.