Autismo e família

Denominamos de autismo uma condição clínica determinada por uma configuração neuropsicobiológica, que tem como resultado dificuldades na interação social, no desenvolvimento da linguagem e na abertura para interesses do mundo ao redor.

No dia 2 de abril comemoramos o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, data criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 18 de dezembro de 2017 para conscientizar a população acerca dessa questão, ajudando com isso a derrubar preconceitos e esclarecer sociedade e governantes. O autismo é um Transtorno do Desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo mundo.

A data é celebrada com palestras e eventos públicos com o objetivo de conscientizar e informar pessoas sobre o autismo e como lidar com a doença.

O autismo faz parte de um grupo de doenças do desenvolvimento cerebral, conhecido por TEA (Transtornos do Espectro Autista). Os sintomas são fobias, agressividade, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de comunicação, dificuldades de relacionamento, interesses obsessivos e comportamentos repetitivos.

A família é peça fundamental no tratamento do autismo. Muitas vezes a família não está preparada para cuidar de uma criança autista, pois é uma situação inesperada no contexto familiar. Dessa forma, as famílias procuram se adequar a partir das necessidades e anseios da criança, afim de proporcionar qualidade de vida.

A família representa a primeira instituição a qual a criança tem acesso ao meio social, constituindo um importante espaço de socialização.

Pesquisadores consideram que a criança depende dos familiares, enquanto membros sociais mais competentes e provedores de cuidados básicos necessários à satisfação de suas necessidades, exercendo uma enorme influência no desenvolvimento e crescimento dessa criança.

Ao se deparar com o nascimento de um indivíduo com problemas de desenvolvimento, ou após um diagnóstico preciso de um profissional, a família apresenta dificuldades em lidar com este tipo de situação, podendo desenvolver posturas e atitudes inadequadas que não contribuirão para o desenvolvimento da criança nem trarão equilíbrio da dinâmica familiar.

Em relação à criança com autismo, podem ser verificadas alterações na dinâmica familiar, a qual pode ser afetada pelo luto, sentimentos de raiva, negação e depressão.

O autismo é considerado uma síndrome em que o indivíduo portador tem alterações presentes desde a fase pré-escolar, ou seja, essas alterações são muito precoces, e se caracterizam por déficit na comunicação, na interação social e no uso da imaginação, apresentando atraso global do desenvolvimento, comportamentos e interesses limitados e repetitivos.

A OMS diz que o autismo é uma síndrome que se manifesta invariavelmente antes dos 30 meses de idade e se caracteriza pelo individuo portador apresentar respostas anormais ao estímulo visual, auditivo e por ter dificuldade de interação, difícil compreensão da linguagem, a estrutura gramatical é imatura, apresentam ecolalia quando a fala surge e o comportamento é estereotipado, fazendo sempre as mesmas coisas de forma repetitiva resistentes à mudanças e com incapacidade de desenvolver um contato olho a olho antes dos cinco anos de idade.

Cuidar de uma criança autista exige muito dos pais e dos familiares cuidadores. Estar atento, saber compreender e ter paciência são algumas boas ferramentas para conseguir lidar essa tarefa que em seu percurso tem muitas dificuldades, mas também tem seus pontos positivos. Ainda existe muito preconceito e falta de entendimento sobre o autismo por parte da sociedade. Há dificuldades também devido pressões internas que acontecem desde o nascimento da criança, existem também pressões externas, pois a sociedade tem muita dificuldade de conviver com diferenças, sendo esse talvez um dos principais conflitos vividos pela família.

Em relação à superproteção, alguns pesquisadores dizem que a família que têm esse tipo de reação com sua criança autista, vive os problemas da criança como se fosse seu, tenta resolver qualquer conflito que talvez ela possa enfrentar, pois a criança tem que ter sua própria individualidade, escolher por si só, expressar seus sentimentos.

Outros pesquisadores apontam que a mãe é a principal cuidadora dos portadores de autismo e por isso está mais propensa ao desenvolvimento de altos níveis de estresse, o que resulta em sobrecarga e agravos na saúde física e psicológica das mães. Outros fatores que podem contribuir para o surgimento da sobrecarga são: a falta de apoio conjugal, o excesso de cuidados com o filho, o isolamento social e a escassez de apoio social.

É importante para o bem estar da família buscar um suporte psicológico para lidar com esses sentimentos. Se a mesma estiver bem, melhor as condições para o desenvolvimento da criança autista.