Um estudo publicado em 2017 por pesquisadores da Universidade de Seul, na Coreia do Sul, considera que a dependência das telas é comparável ao vício em substâncias químicas. O abuso produz alterações no cérebro, com reações e síndromes de abstinência semelhantes aos efeitos de drogas como cocaína. Nesse estudo, os diagnosticados como viciados em celular apresentaram níveis elevados de depressão, ansiedade, insônia e impulsividade.
O vício para celulares é antigo e se intensificou com a falta de noção de tempo instalada na pandemia. As famílias sentam para jantar com celulares na mão e mal se olham. Já os adolescentes conversam pelos aparelhos mesmo estando próximos. As crianças querem estar sempre jogando com o celular na mão, deixando muitas vezes as brincadeiras de lado. Namorados que quando estão juntos ficam mexendo nos celulares excessivamente ao invés de curtirem seu momento. A tecnologia além de ser um vício tornou uma febre.
Na pandemia tudo se intensificou e as opções diminuíram. Sendo assim, o celular acabou sendo um dos elementos de contato com tudo e todos. O mundo está no celular nos aspectos afetivos, sociais, profissionais e educativos. As pessoas perderam a chance de olhar para elas mesmas e para o próximo. Dessa forma as pessoas acabaram ficando em frente às telas gerando a dependência tecnológica.
A dependência tecnológica faz parte do transtorno do exagero e requer um tratamento complexo. É necessário trabalhar a motivação para a mudança, avaliar as crenças aditivas que se ativam quando ocorrem situações de risco. Também precisam ser trabalhadas as estratégias de enfrentamento para a prevenção da recaída do comportamento exagerado ligado ao uso das tecnologias. O paciente deve ter um controle e restringir o uso das tecnologias. O que dificulta o trabalho muitas vezes é que a pessoa não enxerga seu problema.
O transtorno do exagero é um tipo de distúrbio que pode ser entendido dentro do cenário dos adictivos, nos quais se observam conflitos entre o prazer na efetivação das ações exageradas e as consequências negativas em função do seu descontrole.
Fazem parte dos transtornos do exagero a dependência química, o jogo patológico, a dependência de internet, o sexo compulsivo, o comprar compulsivo e a tricotilomania, transtornos estes que têm um curso crônico e altas taxas de recaída. É preciso um diagnóstico diferencial entre os transtornos do exagero e outros diagnósticos em que, por um período de tempo, há um descontrole de impulsos. Para todos os casos acima tem tratamento.
O uso inadequado das tecnologias pode sim ocasionar o adoecimento psíquico. Têm sido muito comum queixa de pais preocupados com o uso dos jogos eletrônicos, internet e aparelhos eletrônicos.
A necessidade de isolamento da população, causada pela pandemia do Covid-19, transformou o cotidiano de muitas pessoas. Para cumprir efetivamente as determinações de distanciamento social dos órgãos de saúde, o celular se tornou essencial para a aproximação da família, dos amigos e do trabalho. Com ele é possível produzir mesmo longe do escritório, manter a rotina de exercícios físicos ou até diminuir o tédio. O uso constante do aparelho é feito por adultos e por crianças, os quais usam o dispositivo para assistir a conteúdos audiovisuais ou até mesmo para jogos virtuais. Assim, tivemos uma dependência do aparelho para o entretenimento.
Com a dependência tecnológica aumentou a procrastinação. Esse é aquele comportamento que adotamos quando temos uma tarefa árdua ou pouco prazerosa para executar, mas, ao invés de resolver logo a questão, vamos empurrando até que não seja mais possível adiar.
É necessário para combater a procrastinação desenvolver novos hábitos e criar uma nova rotina. Também é importante identificar os gatilhos que fazem você procrastinar ou até mesmo seus filhos. Sim, pois as crianças e adolescentes procrastinaram, adoram jogos, celulares e internet. Se forem as tarefas maiores tente quebrá-las em tarefas menores, permitindo-se pequenas recompensas em cada etapa.
Com a ajuda psicológica é possível reverter essa dependência tecnológica e procrastinação. Onde será construído frente à sua história um tratamento adequado para te libertar do que faz mal. Não sabemos quando iremos sair da pandemia e precisamos nos mexer, tirar hábitos irregulares que criamos. Vamos controlar essa dependência tecnológica e melhorar sua vida e da sua família? Agende seu horário, de seu marido ou filhos e venha se libertar desse vício!