De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país que apresenta maior prevalência de depressão na América Latina. É também o país mais ansioso do mundo.
A pandemia afetou muito a saúde mental da população brasileira. O aumento do sofrimento psicológico, dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais já dão indícios nesse período que foi marcado como o primeiro pico dos casos.
Segundo dados da OMS, cerca de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida por ano (uma a cada 40 segundos) e, no Brasil, os casos passam de 12 mil. Falar sobre suicídio é um tabu na sociedade. Também há quem não converse sobre saúde mental e não fique atento, nos familiares e amigos, aos possíveis sinais de que alguém esteja precisando de ajuda profissional. Estamos num momento de muita incerteza, isolamento e distância da socialização e precisamos dar muita atenção à saúde mental.
Devemos ficar de olho na ansiedade, sentimento que muitas pessoas devem estar sentindo de forma mais exacerbada no momento, mas que, caso saia do controle e interfira no sono e alimentação, procurar ajuda é essencial.
Estamos num momento muito atípico de crise sanitária, econômica e política. Temos excesso de informações, muitas delas equivocadas, o que gera insegurança. O ser humano não nasceu para viver em isolamento social e a restrição de ir e vir causa sofrimento psíquico grande e pode levar ao aumento das taxas de depressão e transtornos de ansiedade. As pessoas andam mais fragilizadas com medo da doença, de perder o emprego e perder um familiar. Tem-se também observado um aumento enorme no consumo de álcool.
Na depressão ocorre perda de interesse, falta de energia, distúrbios de sono, pensamentos de morte. Já a ansiedade é uma sensação fisiológica que todos temos em certo nível, tornando-se preocupante quando interfere na qualidade do sono, na falta de foco para concluir tarefas, ou ao gerar sofrimento na pessoa, que não consiga suportá-la.
Os transtornos mentais representam 96,8% dos casos de morte por suicídio. Entre as maiores causas de suicídio, em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
A OMS diz que 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos. Os motivos são diversos e muitos casos acontecem impulsivamente em momentos de crise, quando as pessoas têm surtos diante de estresse, problemas financeiros, separações, dores ou doenças.
Entre os sinais que podem indicar a vontade da pessoa se suicidar temos: uso frequente de emojis negativos; perguntas sobre métodos letais, como facas, armas ou pílulas; engrandecer a morte; desfazer-se de objetos pessoais; fornecer número de conta bancária e senhas, etc.
Não são os eventos dolorosos da vida que fazem suicidar. É o efeito incendiário sobre uma condição mental subjacente, frequentemente doente e fragilizada, que faz com que o fato tome a dimensão de tragédia inescapável.
O desafio é cuidar das doenças mentais como cuidamos das outras doenças. Cerca de 60% das pessoas que se suicidam nunca se consultaram com um psicólogo ou psiquiatra. Infelizmente ainda tem um tabu de cuidar da saúde mental, admitir que a mente está doente e necessita de ajuda.
Mostre a pessoa deprimida ou que dá indícios de suicídio que você se importa, diga a ela que não está sozinha. Ofereça sua ajuda sem julgar ou dar conselhos: Diga: estou preocupado com você. Quer conversar? O que posso fazer para te ajudar? Não compare sofrimentos: não exija que o seu amigo se sinta alegre por ter menos problemas que outras pessoas. Cada pessoa lida com os sentimentos de forma particular.
Pergunte se seu amigo ou familiar se cogita matar-se. Se a resposta for “sim”, não entre em pânico. Compartilhar pensamentos suicidas pode aliviar a sensação de isolamento. O melhor caminho é sugerir auxílio profissional. Por exemplo: “tudo bem se não quiser se abrir comigo, quer ajuda para encontrar um psicólogo?”
Há maneiras de lidar com a pandemia e com o distanciamento social. Para ter uma rotina mais leve e de autocuidado:
Lembre-se que você não está sozinho. Todos estão na mesma situação.
Neste momento que estamos é completamente normal se sentir triste, assustado e/ou menos produtivo que o habitual. Uma pandemia e o distanciamento social geram diversas emoções que são difíceis de lidar. Novos sentimentos são esperados. Não se cobre para estar bem 100% do tempo. Caso não esteja conseguindo desempenhar suas atividades busque um psicólogo.
Observe suas demandas internas. Não guarde e ignore seus, pois isso faz mal. Limite o tempo ligado nas notícias.
Durante esse período é primordial:
- Dormir para ficar mentalmente equilibrado. Busque atividades que auxiliem no sono profundo e de qualidade;
- Alimente-se bem. Cuidar do corpo também é cuidar da mente;
- Evite drogas como escape do estresse. Álcool e tabaco se tornam vícios e, a longo prazo, causam muito malefícios à saúde física e mental;
- Fortaleça seus contatos sociais, ainda que à distância;
- Tire um tempo para cuidar de você.