Combate à gordofobia: nutricionista reflete sobre os impactos e desafios da discriminação

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e pela Sociedade Brasileira de Metabologia e Endocrinologia (SBEM), intitulada Obesidade e Gordofobia, aponta que 85,3% das pessoas consideradas obesas no Brasil já passaram por situações de gordofobia. O levantamento entrevistou 3.621 brasileiros, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 82 anos. Alessandra Cupertino, professora do curso de Nutrição da Estácio e Mestre em Nutrição Humana, destaca a necessidade urgente de reavaliar a forma como a sociedade enxerga o corpo e a saúde.

Alessandra explica que a gordofobia é uma discriminação sistemática contra corpos gordos, fortemente enraizada em uma sociedade que, ao longo dos anos, vem promovendo a ideia de que o belo é sinônimo de corpo magro. “Essa visão não só influencia negativamente a relação das pessoas com a alimentação, mas também reforça estereótipos prejudiciais, como o de que o excesso de peso é sempre resultado de falta de controle ou de “vergonha na cara”, observa a professora. Ela enfatiza que a obesidade é uma doença complexa e multifatorial, que deve ser tratada com seriedade e não vista como um mero reflexo de falhas pessoais.

Segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde, 1 em cada 4 adultos no Brasil é obeso, uma estatística que coloca o país entre as nações com altas taxas de obesidade. No entanto, como aponta a professora, ainda prevalecem mitos que associam automaticamente a magreza à saúde e a obesidade à doença. “É fundamental entender que tanto pessoas magras quanto gordas podem ser saudáveis ou não. O que deve ser combatido são os preconceitos que ainda persistem”, ressalta.

No atendimento aos pacientes, a mestre em nutrição humana defende que os profissionais de saúde, incluindo nutricionistas, devem adotar uma abordagem empática e acolhedora. “É necessário escutar o paciente, compreender suas dificuldades e respeitar o contexto de sua vida. O tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos, para que o cuidado seja completo e eficaz”, afirma.

Para promover uma visão mais inclusiva da alimentação e do corpo, Alessandra Cupertino sugere que a sociedade invista na difusão de informações corretas e na criação de políticas públicas que abordem a obesidade como uma questão de saúde e não como um fracasso moral. “Precisamos abandonar a ideia de que a gordura é um problema de caráter e começar a tratá-la com a seriedade que merece”, conclui.

Para aqueles que enfrentam a gordofobia e buscam uma relação mais saudável com a alimentação, a professora aconselha a procura de profissionais de saúde que adotem uma visão integral e multiprofissional. “O apoio adequado pode fazer toda a diferença no enfrentamento dos desafios que a obesidade traz, ajudando as pessoas a viverem de maneira mais saudável e plena, independentemente do tamanho do seu corpo”, finaliza.