Câncer de próstata: como fica a vida sexual pós-doença?

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Apesar da alta incidência, muitos preferem não conversar sobre o assunto por medo ou falta de informação. Dentre as principais dúvidas que surgem ao longo do processo, destacam-se quais repercussões podem afetar a vida sexual do paciente.

Para elucidar essa questão, o médico urologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Felipe Delgado, diz que a notícia da doença tem um impacto emocional e psicológico muito grande e, naturalmente, pode trazer implicações ao paciente.

“Gosto de explicar que a vida sexual depende de dois grandes pilares para funcionar bem. Um deles é a parte orgânica. O outro, a emocional. A psicoterapia entra para ajudar o emocional e o urologista acaba potencializando o tratamento da parte orgânica”, detalha Felipe.

Sintomas e diagnóstico

Sangue na urina e alterações nos hábitos urinários configuram sintomas sugestivos da doença. No entanto, podem ser confundidos com os de outras patologias. Portanto, a ida ao médico é de extrema importância. A busca por assistência precoce é fundamental, considerando que, quanto mais tardio for o tratamento, maior poderá ser o problema.

Diante da confirmação do quadro, o urologista procura informar que alguns efeitos colaterais são comuns e esperados. Mas, antes, avalia diversos critérios no paciente para saber qual tipo de tratamento é mais indicado.

“A partir do momento em que o paciente recebe o diagnóstico de câncer de próstata, boa parte precisa passar por algum tipo de tratamento que pode afetar a parte orgânica, a relação da função erétil. É possível, porém, estipular para o paciente o uso de medicamentos que ajudarão a melhorar a qualidade da vida sexual após o tratamento”, revela o médico.

Sem tabus

Ainda segundo o urologista, para vida sexual retornar ao que era antes ou parecido, é preciso que a parte orgânica esteja equilibrada, o que inclui: função erétil boa, ejaculação normal, desejo, função hormonal e testosterona em níveis normais. Caso haja diabetes ou pressão alta, as doenças precisam estar controladas, pois “são condições que podem causar injúria nos vasos da região do pênis e podem gerar uma piora da função erétil”, alerta Felipe.

Já sobre a parte emocional, o médico lembra que a ansiedade e o estresse acabam por interferir na baixa da função sexual, estando o paciente mais propenso a apresentar quadros de disfunção erétil e ejaculação precoce.

Tratamento

Em relação à parte psicogênica, o médico urologista indica o tratamento multidisciplinar e a conversa com a(o) parceira(o). Já na parte orgânica, o recomendado é a busca por um médico especialista.

“O tratamento do câncer de próstata é muito amplo. Existe desde a vigilância ativa, que consiste apenas no acompanhamento do paciente, em que não terá repercussão nenhuma sobre sua questão sexual e da fertilidade. Há também outros tratamentos mais agressivos, como a cirurgia, a radioterapia e esses tratamentos podem em algumas ocasiões causar uma certa dificuldade em relação à vida sexual”, explica.

De acordo com o urologista, estima-se que entre 5% e 20% dos pacientes em tratamento cirúrgico ou radioterapia tenham baixa expressão da sexualidade e da função erétil. “Por isso a importância do diagnóstico precoce”, ressalta. “O câncer de próstata tem tratamento e precisa de acompanhamento multidisciplinar. Médico, psicoterapia e medicamentos que permitem a esse paciente, após o seu tratamento, manter uma qualidade de vida sexual”, conclui.