Com o tema “Por que acreditamos que o mundo virtual é real?”, Paola Soares Machado Martins, aluna do 9° ano da EMEF. Santa do Prado Maximiano, ficou em 2° lugar entre os 10 finalistas do projeto EPTV na Escola, com a redação “On para o virtual e Off para a realidade”.
Paola tem 15 anos, e no ano passado (2021) também havia sido medalhista da 16° edição da OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Nesta 23° edição do EPTV na Escola, Paola foi orientada pela professora Regiane Saguma, e competiram com mais 61 cidades da área de cobertura da EPTV Ribeirão. A região foi a que enviou o maior número de trabalhos. Ao todo, 17.582 foram escritas.
O tema de 2022 trás uma reflexão sobre um assunto que faz parte da rotina de todos, mas no contexto da pandemia, com maior isolamento social, pode ter impactado de maneira especial os jovens estudantes.
O Projeto:
O projeto funciona como um concurso de redação entre todos os alunos do último ano do ensino fundamental das cidades da área de cobertura geográfica da emissora (onde o município de Colômbia faz parte) realizado pela EPTV com apoio das Secretarias Municipais de Educação de cada município. Os 15 (quinze) estudantes classificados de cada cidade ganharam um dia de visita à EPTV Ribeirão Preto. No final, foram escolhidos os dez melhores trabalhos da região, onde os autores ganharam prêmios e farão parte da produção de uma série de reportagens baseadas no texto das redações finalistas que será exibida no telejornal da casa. Além dos dez estudantes, os professores orientadores desses alunos, o Diretor e a escola do primeiro colocado também serão premiados.
A Redação:
On para o virtual e Off para a realidade
Com poucos movimentos, ou melhor, clicks, adentro em um mundo em que os viventes me conhecem como
Vinicius, um garoto de dezesseis anos, loiro, com belos olhos azuis, branco e sempre com um sorriso nas fotos. Vendendo a imagem padronizada que todos amam, idolatram e buscam ser nas redes sociais.
Substituo o toque por um touch de quatro linhas imaginárias e virtuais, com uma tela fria, sob uma película que não só protege o aparelho celular, mas também a mim. Evito olhar em várias faces, prefiro navegar pelo face, expressar quem eu sou, sem ser impedido. No mundo que a mim pertence, o medo de expressar-se é ínfimo. On para o meu mundo, e Off para o mundo que alguns chamam de real, para mim, realidade é um conceito variável e fictício, mudando de pessoa para pessoa. O que eu desejo é um tanto quanto utopista, vai além do que a realidade pode me oferecer, o que eu desejo não está aqui.
Busco positividade, plantar paz, semear justiça e igualdade, mas também como todo ser humano, quero ser bem visto perante o olhar dos demais, desejo um rosto bonito que futuramente vai envelhecer, um corpo perfeito que logo vai se remodelar. Vivo neste mundo para fugir do cansaço causado pelas hipocrisias do mundo real. Ou talvez, eu só queira me encaixar em alguns padrões e viver em um conto de fadas, quem garante que fora do meu mundo eu realmente tenha olhos azuis e seja loiro, quem garante que em quaisquer lugares do meu mundo há apenas risos e felicidades? Todas essas perguntas me angustiam e trazem um vazio imenso. Acho melhor, voltar ao mundo real. O que faço com uma incrível facilidade, indo em Menu, clico no ícone de energia, seleciono Desligar, e …Desligando…
Uma vez, li uma frase de Hannah Arendt, que dizia: “Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história.” Sofro por ser um garoto negro, e não ter os traços desejados por todos, porém suporto facilmente essa dor dizendo que sou outra pessoa na internet. Na realidade vejo tantos horrores, que se tornam pavores, me deixam com receio de simplesmente exercer meus mínimos direitos, como ir a uma loja chique sem ser barrado, ou não ser chamado de inúmeros apelidos que fazem menção ao meu tom de pele. Sei que não posso passar o resto da vida me omitindo e fingindo ser quem não sou simplesmente vivendo o virtual como real por ser menos frágil ali, mas enquanto isso não ocorre me escondo atrás da tela, desejando o que todos almejam ser e esperando que um dia o “padrão” desapareça para que me aceitem como sou.