Nesse país, muita gente está precisando de alguns gatinhos (aqueles animaizinhos fofos) para cuidar! Reza a lenda, que os lindos e misteriosos gatinhos tem sete vidas. Assim, cuidando de sete vidas, não teriam tempo para cuidar da vida alheia, do gosto do outro, do beijo do outro e deixariam o que o outro faz na cama em paz.
Estou falando das críticas geradas por um beijo, aquele beijo que envolveu Vitória Strada e sua namorada, Marcela Rica, após a vitória na “Dança dos Famosos”, na hoje tão odiada (por muitos) Rede Globo. Passou-me pela cabeça a indagação: “O que há de mal num beijo?”.
O que há de mal num beijo para causar tanta indignação? Num mundo de tanto desamor, em um mundo de conflitos e guerras, um mundo em que a hipocrisia, ignorância e egoísmo deixam cada dia pior e mais doente. O que há de mal há num beijo?
Que pecado cometeram Vitória e Marcela ao se beijarem? Acredito que pecado é não aceitar o outro, a sua orientação sexual, enfim, não aceitar e respeitar o outro como ele é.
Pecado é a “peste” chamada preconceito que não aceita aquele que ousa ser diferente dos mandamentos hipócritas dos “guardiões da moral e dos bons costumes” (apesar de sua moral geralmente ser da boca para fora) e de seus comportamentos ocultos não corresponderem aos fatos. Mesmo assim, se acham julgadores do bem e do mal e o mais revoltante é que agem como se tivessem uma procuração para falar em nome de Deus.
O velho e hipócrita moralismo apedreja, não respeita e não aceita nada no “espelho social”, que seja diferente daquilo que seu egocentrismo entende como normal. E geralmente correm para as redes sociais para semear o ódio, por meio da covardia escondida no anonimato e, assim, mais uma vez vemos uma ferramenta útil ser transformada em máquina de destruir reputação, no caso da atriz, porque uma mulher ousou beijar sua mulher.
Não tenho noção da quantidade de pedras arremessadas contra Vitoria Estrada e Marcela Rica, afinal, essa gente vive presa às “amarras” das almas pequenas que não conseguem entender que toda forma de amor vale a pena. Não conseguem ver que quem faz amor nunca quer ferir. Não entendem a infinitude do amor que é lua inteira iluminando a escuridão. Falam em Deus e não compreendem que toda forma de amor é um “rio” correndo em direção ao mar do amor maior que é Deus.
Nos ataques homofóbicos, havia alguns “disfarçados”, que diziam que poderiam até ter se beijado desde que fosse escondido, o que revela o lado oculto e “o telhado de vidro” dessa gente, que se preocupa com um beijo e esquece de se preocupar com o mau hálito exalado pelas suas mensagens “mensageiras” do ódio.
Ah, que maravilha viver se todo o pecado ou mal do mundo fosse um beijo!