A variante Ômicron preocupa o mundo, e os países dirigidos pelo bom senso pedem urgentemente o passaporte vacinal.
Mas, em terras tupiniquins, onde o negacionismo não tem limites, estúpidos e insensatos continuam debatendo a utilidade das vacinas em veículos que um dia tiveram algum crédito e que hoje colocam os “pingos nos is” de forma errada, passando pano ao negacionismo e contribuindo com o desgoverno Bolsonaro e seus projetos de desinformação.
Graças à cultura vacinal construída há muitas décadas e que levou um alto índice de brasileiros aos postos de vacinação, estamos conseguindo resultados positivos na luta contra o Coronavírus, com a queda de contaminações e de mortes.
No entanto, nada justificou o “libera geral” que se viu nesse país em tempos tão incertos e na contramão do que ainda recomenda a ciência. Creio que a Ômicron trará a reflexão quanto aos exageros, que na minha opinião, estávamos cometendo.
Fazia sentido falar em Carnaval? Fazia sentido falar em Réveillon à moda antiga seja em Copacabana ou aonde quer que fosse? Faz sentido as aglomerações e comemorações que vemos constantemente a todo momento em estádios de futebol?
Faz sentido abrir shows de todos os gostos, estilos e gêneros musicais desde as músicas ditas como do pecado até as canções gospel ou religiosas seja qual for a religião? Faz sentido sambar, cantar e abrir totalmente a noite com seus mil e um encantos e fugas, num país que já enterrou mais de 610 mil pessoas e continua a sepultar uma média de 200 pessoas por dia, por causa do maldito vírus?
Não há um pouco de hipocrisia em tudo isso? Falamos que é Bolsonaro quem não respeita as dores e os mortos, mas será que muitos de nós estão respeitando?
Afinal, bastou melhorar um pouco o quadro da pandemia para que outros políticos que se dizem a favor da vida e da ciência abrissem tudo e fizessem propaganda do Réveillon e Carnaval. Um passarinho me falou que temos mais negacionistas e irresponsáveis, além do presidente da República, temos mais inconsequentes por aí dirigindo estados e municípios brasileiros.
O tempo é de cautela e respeito à memória dos mortos e aprendizado com todas as dores que estamos passando. É preciso conter essa busca por um normal que não depende somente de nós.
Depende dos donos do poder do mundo! Depende das nações mais poderosas do mundo em compartilhar recursos e doar vacinas para todas as nações mais pobres.
Enquanto houver uma nação seja no esquecido continente Africano ou em qualquer lugar que não tenha sido vacinada em massa, outras variantes virão, pois o mundo hoje é uma aldeia global que está toda interligada.
Enquanto os donos do poder não se despertarem para essa “consciência” será em vão nossa angústia em abrir tudo, em liberar geral, afinal, a luta necessária para trabalhar e ganhar o pão já um risco inevitável. Abrir geral para curtição e para aquela vida que chamávamos de normal, só será possível quando os líderes mundiais aprenderem a reflexão que a dor dessa pandemia traz.
O mundo não pode continuar sendo tão desigual! E isso vale para todos os habitantes da Terra. É preciso que a dor dos outros países, que a dor do meu próximo também doa em mim. Só assim abreviaremos o tempo e o sofrimento que o Coronavírus e suas variantes ainda podem causar…