Realidade das mães (Parte 1)

O Dia das Mães está chegando e todos os anos nos deparamos com textos e homenagens sobre o tema criados por psicólogos, jornalistas, coaching, entre outros profissionais. Sempre tentam nos “injetar” escritas com palavras bonitas e motivadoras para nos incentivar a compartilhar coisas lindas e belas, tudo muito clichê, a fim de denotar o “verdadeiro” ideal de mãe e família.

Hoje em dia, a mídia se mostra mais diversificada para não ser negativamente notada, fazendo comerciais inter-raciais e dizendo que o conceito de família não é apenas homem e mulher, e pelo menos nesse quesito posso afirmar que eles estão certos, mas a questão mesmo é o que devemos ser, agir ou tentar ser?

Digamos que não há resposta correta com 100% de fidedignidade para tal pergunta, porque o maior problema é nos mostrarmos vazios, buscarmos ser demais e, na realidade, sermos poucos, ou seja, queremos muito e somos nada. O ponto aqui é ser você, e sempre baterei nessa tecla, seja você sem tentar adentrar em padrões familiares pré-estabelecidos, por uma massa que também não são como eles mesmos pregam, por simplesmente não existem essa realidade perfeita, isso é obvio é só vocês analisarem ao redor, vizinhos, familiares e até você.

Deparo-me direto com posts denotando uma vida ou família perfeita, que até me invejaria se eu soubesse que existisse. Então, ok, Jonathan, tudo se resume em crítica, mentiras, tristezas e não é possível ser feliz? Como posso ser uma boa mãe? Como serei e como farei minha família feliz sem cair no autoengano?

Primeiro passo é, não seguir passo algum, não existe fórmula, e eu não sou capaz de ditar o que você deve fazer, agir e ser. Em terapia eu consigo auxiliar nos seus pensamentos, consigo também ajudar você a pensar melhor e, a partir disso, sim poderemos traçar uma trajetória saudável para sua vida. Sendo você na sua maior particularidade existencial, e digo mais, é possível ser feliz mesmo com toda essa realidade, pois você estará sendo verdadeiro consigo, não caindo na ilusão do falso eu.

Sabemos que hoje existem mães que além do seu papel materno, exercem também o papel paterno; sabemos também que têm avós, tios, padrinhos entre outros, que exercem o papel de mãe; temos mães que, infelizmente, não têm um prato de comida para pôr na mesa para seus filhos, e isso é de cortar o coração; sabemos também que temos mães sendo violentadas; que temos mães que acordam de madrugada e voltam de noite para suas casas para dar um futuro ao seu filho; temos mães viciadas em drogas e que lutam para sair dessa vida; temos mães que são religiosas e outras ateias; temos mães depressivas e ansiosas; têm mães com câncer e que lutam para permanecer um pouco mais com os seus filhos; temos mães presas e outras que sofrem abuso psicológico; e temos mães que já se foram.

E é por todos esses motivos que a família “Doriana” não existe. As famílias não são sempre sorridentes, não estão maquiadas e arrumadas a todo momento, não são zen da forma que mostram, isso é fantasiado e utópico, porém felicidade não depende da perfeição, lembre-se disso.

O que posso dizer é que não devemos mascarar nossa realidade, nossa família é o que é, pois se tornou e se torna a cada dia.

Para melhor sanidade mental devemos aceitar o que somos, mas, com cautela, porque aceitar não significa querer ser assim para todo o sempre, podemos buscar melhorias, lógico, mas sem fazer disso um comercial de TV de uma vida perfeita.