Um vírus desenhou o tamanho da nossa fragilidade e com o “choque” que levamos ficamos a perguntar, será que vai florir o mais humano em nós quando a pandemia passar ? Não acredito de forma alguma, tudo será como antes amanhã! Basta viajarmos pela história da humanidade para verificar que o ser humano nunca aprende a ler o mundo com sensibilidade.
Parece que não conseguimos ver que somente desenvolvendo o mais humano em nós poderemos transformar o MUNDO DOENTE, que hospedou o Coronavírus. Se continuarmos correndo em busca da “doença” que chamamos normal, outras situações catastróficas ou mais dramáticas virão.
Todas as epidemias, pandemias, guerras e catástrofes naturais ao longo da história registram a dificuldade do homem em aprender com as dores que são sempre esquecidas no dia seguinte depois da tempestade. Infelizmente, a força da grana continuará a destruir todas as coisas belas. Continuará destruindo o planeta onde habita as nossas vidas e a receber a vida dos que virão.
Não tenho nenhuma dúvida de que tudo será como antes amanhã! A desigualdade social continuará matando e negando oportunidades à vida como se fosse uma pandemia eterna. O futuro sempre continuará repetindo o passado! Até, os avanços tecnológicos muitas vezes serão usados pelos interesses de almas pequenas.
E nós – marionetes do sistema – continuaremos deixando a vida passar numa “competição” com o próximo para desfilar com carro novo. E viver não é preciso? No mundo da ilusão em que nos refugiamos da realidade, há quem pense que felicidade é uma ‘coca cola’ ou um sorriso fabricado em uma selfie.
Só uma vacina é a solução para o bicho homem, a vacina que ensine uma alma humana a tocar outra alma humana compartilhando o riso e a dor. Mas, voltando à realidade, quando o Coronavírus passar, quem compreendeu com os olhos do amor continuará sua busca para ser melhor, mas, quem nunca soube amar poderá se tornar ainda pior.
Depois da vacina, as imagens absurdas que vemos hoje se multiplicarão e continuaremos a ver muita gente parecendo boiada se aglomerando, se empurrando e se machucando por causa de liquidações e eventos.
Enquanto privilegiados socialmente continuarem poluindo praias, desacatando guardas com a sua ostentação e os ‘barracos’ ainda desfilarem pelas avenidas e bares do Leblon, nada mudará de fato. Talvez a mudança mais profunda pós-pandemia é que lavaremos mais as mãos, apenas isso. E, por mais chato que seja, é preciso lembrar que se nada mudar, o que virá do aquecimento global, que muitos não levam a sério, poderá realmente fazer da Covid-19 apenas uma ‘gripezinha’.