O voto em nome de Deus

Sempre me perguntam o que tenho contra Jair Bolsonaro? Antes de responder a essa pergunta, digo que a “média” do nível dos políticos desse país sempre foi péssima e continuará sendo assim enquanto houver falta de consciência política na escolha da maioria dos eleitores. Afinal, cada povo tem os políticos e a realidade que constrói usando o poder da escolha ou a força do voto. Comece observando o “conteúdo” da maioria daqueles que deveriam representar o povo na Câmara Municipal (seja de Barretos ou de outra cidade) talvez assim possa me dar razão…

Mas, nada na história política recente desse país foi tão destrutivo do que escolher Jair Messias Bolsonaro, o “ungido” pela mentira, para a Presidência do Brasil.

Bolsonaro plantou seus rancores durante os longos anos em que foi deputado federal ensaiando seu “teatro de horrores” no culto ao autoritarismo em pleno Congresso Nacional omisso e o que vemos hoje é a colheita de todo plantio.

Assim, multiplicou suas ideias em milhões de seguidores com os seus valores, ou melhor dizendo, (com sua falta) de valores e sentimentos, falta de ética, falta de bom senso. Bolsonaro, o criador, tirou do armário criaturas que tinham o mesmo perfil. Além disso, conseguiu aliar-se a falsos profetas que negociam a fé e pregam um cristianismo sem Cristo no coração.

A exploração da religião e o voto “em nome de Deus” usado na forma de “arminhas” em templos que deveriam pregar o amor de Cristo, nas eleições de 2018, reapareceram em cenas, palavras, em “cultos políticos” protagonizados por personagens como Michelle Bolsonaro e Damares Alves, com atitudes que, talvez, psicanalistas possam explicar. Ao mesmo tempo assistimos estarrecidos apoiadores do “imbrochável” profanando a fé católica em Aparecida do Norte, no dia da Padroeira do Brasil. Um sinal de alerta quanto ao grande risco que é o “coquetel”, que mistura política com religião para uma nação.

Em nome da mentira e usando Deus, a Pátria e a família que impressiona o lado “mais doente” do conservadorismo e da hipocrisia brasileira, que simpatiza com o populismo bolsonarista e não tem visão e nem sensibilidade para os verdadeiros problemas sociais do Brasil.

O ex-capitão ameaça não aceitar o resultado das urnas se não for o vencedor e fala em aumentar o número de ministros no Supremo Tribunal Federal, caso seja vencedor, ou seja, segue os mesmos passos (de seu amigo Viktor Orbán) na Hungria e também de Hugo Cháves e Nicolau Maduro na Venezuela, mas, para disfarçar, “maquiavelicamente” acusa o seu adversário pelas maldades que provavelmente pretenda fazer.

Bolsonaro continua “passando boiada” e destruindo o meio ambiente, a educação, cultura, arte, ciência e todas as “cores dos sonhos” que um dia tivemos nesse país. E, por outro lado, está construindo “pesadelos” por meio da mentira e do ódio em milícias digitais e fazendo sua propaganda política em rádio e plataformas digitais, que desinformam e passam pano para toda sujeira do seu mandato, além de “fechar todos os caminhos jurídicos” para as investigações que se fazem necessária sobre seu governo e sua família usando os “Aras” da vida e outros que tais… 

E você ainda me pergunta o que tenho contra Bolsonaro? O que eu não entendo é que se tenha algo a favor! Mas, respeito sua opinião e respeito a admiração que você tenha por quem admira um torturador como o Coronel Ustra. Afinal, ainda vivemos numa democracia. Mas, após as apurações dos resultados do segundo turno confesso que por tudo que pode vir ou virá e por todo ódio que polariza o Brasil, só sabe Deus, nunca tive tantas duvidas do destino da democracia nesse país quanto agora, porque depois que Bolsonaro chegou ao poder, só tem nascido “erva daninha” no chão que ele pisa ou pisou.