Médico sanitarista realiza treinamento para capturar escorpiões com segurança

A captura segura de escorpiões foi o tema do treinamento teórico e prático que abriu a semana dos agentes de controle de vetores da Prefeitura da Estância Turística de Barretos. A capacitação com o médico sanitarista Nilson Vieira de Melo, que atua na regional de Ribeirão Preto do Grupo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado, foi organizada pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Barretos (SAAE) e teve a participação de aproximadamente 70 profissionais da Saúde.

Em uma primeira etapa, Nilson reforçou aos agentes sobre as características do escorpião. “Ele tem hábitos noturnos, costumam se alimentar de baratas e só saem no em torno da caverna dele para capturar alimento. Quando você encontra o escorpião transitando é porque ele está fazendo uma migração. Alguma coisa aconteceu para que ele saísse daquele lugar e fosse para outro”, explicou.

O sanitarista desfez o mito de que escorpiões dão bote, reforçou que não atacam intencionalmente, mas apenas quando se sentem acuados e ressaltou que é apenas pela calda que eles picam. Nilson reiterou que a aplicação de veneno em tubulações leva a migração, podendo gerar mais acidentes e que a busca, captura e eliminação de cada escorpião encontrado é a técnica que pode trazer melhores resultados para diminuir o número de escorpiões na cidade.

Treinando a captura

Na segunda fase, o treinamento foi prático. Os agentes puderam então manusear as pinças apropriadas, que oferecem distância segura, e capturar escorpiões vivos, sempre pinçando pela calda. O secretário de Saúde, Mussa Calil Neto, acompanhou o treinamento e agradeceu a Nilson pela riqueza de aprendizado. “Estou certo de que a equipe está motivada para o controle dos escorpiões. Mais um trabalho para a população de Barretos”, afirmou.

A agente Lucyana Paranhos, que já passou por treinamento prático anteriormente, considerou este muito proveitoso. “Não só para mim, mas para todos meus colegas que trabalham no controle de vetores. Muitos estão há menos tempo na função, então é uma ótima experiência para aprender e por em prática a captura do escorpião”, avaliou.

Em seu primeiro treinamento prático, a agente de controle de vetores Elaine Serafim afirmou que perdeu o receio. “Agora está claro que ele não dá salto. Estou segura e achei muito importante treinarmos”, disse. Elaine lembrou às instruções dadas pelo sanitarista para, após a captura, colocar o escorpião em um recipiente plástico – para não ter risco de quebrar se cair – com solução álcool 70%.

O médico sanitarista explicou também que, ao se deparar com um escorpião em sua residência, uma forma de o morador capturá-lo é colocando um recipiente, preferencialmente plástico, com a boca para baixo para prender o escorpião. Em seguida, utilizar um papel rente ao chão para retê-lo, virar o recipiente e tampá-lo, adicionando álcool 70% para o escorpião morrer.

Em todos os casos, o controle de vetores deve ser notificado. Em Barretos, esse contato pode ser feito pelo telefone (17) 3612-2465. O escorpião deve ser mantido no recipiente tampado e com álcool 70% até que os agentes busquem-no. A equipe então deve comparecer ao local e procurar se há na residência ou em imóveis vizinhos outros escorpiões, que possam ser capturados evitando acidentes.

Se o munícipe preferir, pode entregar o recipiente na sede do Controle de Vetores, na Rua Eduardo Martins de Assis, nº. 91 – Bairro Primavera, de segunda a sexta, das 07h00 às 16h00.

Quanto antes, maior a chance de salvar: Criança tem que receber soro em até 40 minutos

 A coordenadora do serviço de Controle de Vetores da Secretaria Municipal de Saúde, Cristiane Parreira, reforçou as faixas etárias que requerem atenção imediata em caso de picada de escorpião, por terem maior risco de morte. “A gente frisa bastante o risco em acidente com crianças, pela questão do peso. As pessoas idosas, pelas comorbidades que geralmente têm”, informou.

Adriana Cristina de Araújo, interlocutora da Zoonoses do Grupo de Vigilância Epidemiologia regional de Barretos, também ressaltou a necessidade de monitoramento nos extremos de idade em caso de picada de escorpião. “A criança menor de 10 anos é considerada um caso gravíssimo. Para a criança, o tempo é muito importante. Para ela evoluir bem, é preciso aplicar o soro em até 40 minutos”, ressaltou, levando em conta o tempo para o veneno estar espalhado pelo organismo.

Procurar a Santa Casa imediatamente

Adriana pediu aos agentes que reforcem às famílias que em caso de acidente com escorpião é necessário levar a criança ou idoso para a Santa Casa imediatamente, pois é o ponto estratégico em nossa cidade, onde está o soro.

Nilson observou também que é importante que os pais considerem a possibilidade de picada caso a criança, especialmente as menores, esteja chorando sem explicação, pois não se pode perder tempo para iniciar a medicação.

Segundo Nilson, como o risco está atrelado à relação entre a dose de veneno e peso, adultos sem comorbidades têm menos risco de morte. “O adulto também vai sentir muita dor, então pode por compressa morna para amenizar”, disse. Ele observou que, ao mesmo tempo em que o soro é essencial para salvar a vida de uma criança pequena, o próprio soro também pode ocasionar reações adversas, por isso só pode ser ministrado em unidades hospitalares que têm suporte de UTI e não é usado em todos os pacientes picados por escorpião, mas somente nos casos em que há necessidade.

Como evitar

O sanitarista destacou que os escorpiões têm hábitos de viver em esconderijo e que eliminar esses lugares é uma forma de afastá-los de casa: não acumulando entulhos e restos de madeiras; mantendo ralos fechados, trocando suportes de interruptor de luz que deixem vão. “É preciso estar atento a tudo que pode servir de caverna para o escorpião. Pelo espelho de luz, pode entrar um escorpião que vive no forro da casa. Já os ralos estão ligados ao esgoto, onde vivem escorpiões”, explicou.

O Ministério da Saúde alerta também para vistoriar roupas e calçados antes de usá-los, afastar camas e berços das paredes, além de vedar frestas em paredes, portas e para usar tela nos ralos.