Essa foi a resposta que o historiador José Murilo de Carvalho deu à BBC Brasil quando foi questionado sobre a relação entre os militares e a política no país após o caso de absolvição de Eduardo Pazuello. O regimento das Forças Armadas Brasileiras é claro a respeito de membros do Exército da ativa em manifestações políticas: é terminantemente proibido e leva à punição.
Após aparecer lado a lado com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma aglomeração pró-governante, parte do país ficou à espera de uma resposta contundente do Exército sobre o ocorrido. As esperanças foram se esvaindo quando o próprio Bolsonaro, capitão reformado, proibiu qualquer nota pública por parte do alto escalão das Forças Armadas. Ainda assim, havia um resquício de fé na potente instituição que, por um breve período, ficou à parte da política no país. Sim, breve, pois o Exército Brasileiro foi um dos motivos da nossa Proclamação Republicana que levou à presidência um marechal. E pouco se manteve em sua caserna durante o século XX, como bem mostra nossa história.
De todo modo, existiu uma expectativa positiva para que Pazuello sofresse alguma represália, qualquer uma. Não ocorreu e isto não mancha apenas o Exército, mas a nossa tão recente democracia. Deixar-se levar por leviandades e escárnios políticos de nosso atual representante máximo, demonstra a fragilidade de algumas instituições nacionais perante um governo populista.
A tensão, as dúvidas e o medo, como bem postulou Murilo de Carvalho, não estão presentes apenas nessa relação Exército vs. Presidente, mas se espalha pelo país que pouco a pouco sente o cheiro de um passado recente podendo retornar.