Em meio a diversas fake news óbvias tem circulado na internet uma suposta notícia que aponta que, por causa de manifestantes que militam pelo “gênero neutro”, a Câmara dos Deputados aprovou a chamada “nova lei do ventre livre”, que proíbem exames de ultrassom para que pais saibam o sexo do bebê.
Leia duas versões da mensagem que circula online:
VERSÃO 1: “Proibido exame de ultrassom para saber sexo do bebê. A autora da lei apelidada de “Nova Lei do Ventre Livre”, deputada Juju Pimenta, do Partido da Mulher Brasileira (PMB), comemora a aprovação. Ela afirma que a lei é voltada para a população em geral, pois é errado pagar por um exame cujo objetivo é enganar o consumidor dizendo que vai descobrir algo que não existe, afinal, bebês nascem sem gênero. ‘Elus’ são ‘neutres’.”
VERSÃO 2: “A deputada Juju Pimenta, do Partido da Mulher Brasileira (PMB), é autora da ‘Nova Lei do Ventre Livre’, onde a idéia é ACABAR COM O ULTRASSOM, para que os pais não saibam o sexo do bebê, assim como também proibir que se fabriquem brinquedos na cor rosas e azuis. Por quê? PORQUE CASO SEU FILHO SEJA CONVERTIDO NO FUTURO EM VIADO OU LÉSBICA, POR PAIS CRIMINOSOS, ESTES, COMO TODOS DEMAIS (OS NOSSOS!), NÃO SOFRA DE ‘HETEONORMATIVIDADE’ ANTES E PÓS PARTO. Olha só. Dia 7 eu não vou às ruas manifestar apoio à presidente algum, muito menos pedir para ‘jogar dentro das quatro linhas da constituição’. ESSA BABAQUICE JÁ DEU NO SACO! Dia 7 eu vou às ruas para perguntar a porra das Forças Armadas se mais uma vez pretendem repetir o O GOLPE MILITAR DE 64 —> CONTRA ADHEMAR DE BARROS (SP), CARLOS LACERDA (RIO), E MAGALHÃES PINTO (MG). Golpe Militar, existiu, sim, contra o povo brasileiro. Minha questão é se ESSA SERÁ NOVAMENTE A FUNÇÃO DO EXÉRCITO ???”
Como foi possível ver, a tal notícia da aprovação da tal lei causou muita indignação entre “os patriotas”. Só há um “detalhezinho”: a notícia da aprovação da tal “nova lei do ventre livre” é falsa e não existe “deputada Juju Pimenta”.
Não é de hoje que fake news do tipo “Congresso aprovou ou vai aprovar alguma coisa” tem circulado na internet.
Em todos os casos, não há qualquer registro de que a lei foi aprovada ou que havia qualquer projeto do tipo tramitando no Congresso.
Além disso, não existe nenhuma deputada que se chama Juju Pimenta. Além de não existir registros no site da Câmara dos Deputados de qualquer parlamentar com esse nome, uma rápida busca no Google não registra qualquer deputada com esse nome (encontramos personagens de filmes, uma cantora e perfis em redes sociais).
Ao buscar sobre a história, descobrimos que ela foi publicada no site R7 em uma seção chamada “Melhor Não Ler”. E aí está: o slogan da seção é o seguinte: “Crônicas fictícias que mais parecem verdade”. Por sinal, no final do conteúdo que está circulando em redes sociais há o seguinte “disclaimer” (devidamente ocultado nos conteúdos que circulam em redes sociais): “Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser…”.
Resumindo: apesar de muita gente estar indignada em redes sociais, não é verdade que o Congresso aprovou um projeto de que lei que prevê a proibição de exames de ultrassom para que se saiba o sexo do bebê. Na realidade, é um conteúdo publicado em uma página fictícia que está sendo levado mais a sério do que se deveria.
Fonte: Boatos.org