A morte

Acredito que todos nós um dia já contestamos a morte ou nos aborrecemos com as decisões que “ela nos impõe”, afinal, questionar e buscar respostas está ligado ao cerne humano e constantemente buscamos compreensão do nosso dia a dia. Mas, a pergunta que fica é: “Existe resposta para tudo que buscamos entender?”

Ao perdermos um ente querido, sentimos um vácuo em nosso peito incurável, o vazio se perdura em minutos, horas, dias e semanas. Olhamos para trás e tentamos buscar em nossa mente algo concreto que faça sentido, porque a morte, alí, parece uma piada e que o ocorrido não é real.

É um misto de sentimentos que começam nos tomar por completo e ao mesmo tempo temos que nos sentir maduros e fortes suficiente para organizar toda a burocracia necessária que o falecimento de alguém próximo gera. Haja psicológico para tanta emoção de uma só vez e em meio a tudo isso queremos nosso cantinho para “curtir” a angústia sozinhos.

Todo esse misto de pensamentos e sentimentos nos persegue por toda eternidade e buscamos tentar entender algo inalcançável na mente humana, buscamos respostas e esclarecimentos para algo que não conseguimos enxergar. E, por fim, tudo se torna turvo.

Passam-se meses, anos e o vácuo no coração ainda permanece. Pode-se dizer que um pouco menos penoso, porém ainda sentimos cada instante que passamos.

Nós, da área da psicologia, costumamos dizer que o luto tem suas fases específicas, que são: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação. No entanto, digo para não nos prendermos em ordens, pois não somos um robô que vem com manual de regras e comandos. Sentimos cada fase no nosso tempo e do nosso modo.

Em toda nossa vida a única certeza que temos é a morte, e mesmo assim nunca nos sentimos preparados para tal.

Sabe-se que a morte tem significado cultural, para uns é encerramento de ciclo, para outros renovação ou até mesmo recomeço, porém, para nossa cultura, a morte se traduz em algo penoso, sempre queríamos ter uma chance a mais, um momento a mais, um sorriso a mais e um aperto de mão a mais, deixando a sensação de história mal acabada, como se fosse uma redação, porém, apenas com começo e meio, sem o seu “fim” devidamente concluído. E isso é a vida, “enquanto um olho chora de alegria o outro chora de luto”.