Muita gente, muita gente mesmo, parece viver em outro Brasil muito longe do Brasil real que sofre todas as consequências do desemprego e da fome. Enquanto isso, os habitantes do Brasil surreal de Bolsonaro saem às ruas para pedir a cabeça do ministro Alexandre de Moraes, como se fosse a solução dos problemas do povo brasileiro e, ainda pedem um absurdo maior, que é a intervenção militar com Bolsonaro no poder.
Acredito que uma parte dessas pessoas não tem sequer noção da gravidade que é usar a democracia para pedir o fim da democracia. Por mais loucura que possa parecer, pedem em um protesto para perder o direito de protestar.
E uma pergunta que não quer calar: Como um ser tão desiquilibrado e despreparado como Jair Bolsonaro pode levar essa multidão de pessoas para as ruas, sem uma pauta lógica que justifique a própria manifestação?
Além da chama de popularidade que envolve Bolsonaro, de todas as táticas e estratégias políticas sujas que movem a máquina do Bolsonarismo, penso que há outro fator que joga a favor de Bolsonaro: a falta de cultura e conhecimento. Ou seja, a incapacidade de uma parte da população na interpretação do texto que representa: JAIR BOLSONARO. Provavelmente, esse argumento seja a base do fanatismo que assistimos no mais triste 7 de setembro de nossa história.
O preço de tudo que agora pagamos, na verdade, vem antes de Bolsonaro. Afinal, Bolsonaro é a consequência que pode ser fatal. A consequência de um país que no passado não investiu de forma adequada num projeto permanente que elevasse a educação brasileira a outro patamar. Ou seja, a educação que fosse essencial para formação de “consciências” quanto à responsabilidade social e política de todo brasileiro perante seu país. Precisávamos com a “chave” da educação de qualidade abrir todos os PORTAIS DA NOSSA CULTURA E DE NOSSA HISTÓRIA e, assim, ativar a busca pelo conhecimento das vertentes quanto aos problemas dessas terras tupiniquins.
Não fomos capazes de fazer brotar esse caminho e, assim, CONECTAMOS A REGRESSÃO quanto ao conhecimento e, pior ainda, desenvolvemos a preguiça de escrever, de pensar, de namorar a filosofia e aprofundamos o desinteresse até no aprendizado da interpretação de um SIMPLES TEXTO. Passamos a achar normal ler sem pensar nas letras e escrevemos achando que cinco linhas são textões. Fizemos do país apenas um lugar chamado Brasil em que a dificuldade de interpretar textos impede o cidadão de ter a leitura da vida e o olhar para tudo no mundo que o cerca.
E assim fechamos canais para o “debate que soma” e abrimos todas as entranhas da ignorância, da polarização e do ódio. Passamos apenas a formar profissionais, alguns bons naquilo que fazem, mas sem a consciência social e política com o seu país.
A falta de capacidade na interpretação das coisas está em tudo à nossa volta e nos dramas que vivemos. Quem não sabe interpretar um texto tampouco interpreta a luz da verdade e, por isso, torna-se prisioneiro da mentira…
Só assim consigo entender que um ser autoritário sem valores, sem conteúdo e que transpira ódio como Jair Bolsonaro, possa ser seguido por tanta gente ainda. Provavelmente, uma METADE dos que o seguem devem ter a mesma falta de valores do seu ídolo e são capazes de tudo por Bolsonaro. Afinal, são representados por ele! Mas, ao meu ver, a OUTRA METADE é aquela que não aprendeu interpretar textos e dessa forma enxerga o AVESSO DE TUDO como natural ou, ainda mais grave, permite que outros façam a interpretação por eles.