A pandemia de Covid-19 movimentou laboratórios de todos os continentes em busca de vacinas e equipamentos de proteção eficazes para conter o avanço da doença. Em Barretos, o Fab Lab FEB 360º do UNIFEB (Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos) em parceria com outras instituições locais promoveram um trabalho inédito e extremamente importante para o universo científico a fim de colaborar no combate ao Coronavírus.
De acordo com o gerente do Fab Lab do UNIFEB, André Vanzolin, entre os participantes deste projeto estão o ex-médico veterinário do IRCAD e diretor da Bmed 3D, Emílio Belmonte (in memorian); Luciano Dovigo e Lucas Alves de Souza, também da Bmed3D; Thiago Ferreira e Jacó Saraiva, da MedLig; Bruno Menezes, da Creative Pack; Christian Silva, da Globin Head; João Batista, da BBQ; Gustavo Felici, da Unifafibe; Guilherme Sanchez, gestor regional de startups do Sebrae; além de participantes do Bruto Valley em Barretos (Comunidade de Inovação). “Nós transformamos o Centro de Treinamento em Cirurgia Minimamente Invasiva (IRCAD), filial do Hospital de Amor de Barretos, em um polo de inovação em prol do combate ao Coronavírus, com o desenvolvimento de diversos dispositivos utilizados pelas equipes médicas que atuam diretamente no atendimento de pacientes”, explicou Vanzolin.
Foram desenvolvidas por médicos e membros de startups locais, máscaras faciais desinfectáveis e de baixo custo produzidas em larga escala para serem doadas aos hospitais locais. “Em função da pandemia, nós incluímos o status de fabricante de insumos contra a Covid-19 no site oficial do Fab Lab, assim poderíamos garantir que caso alguém necessitasse, saberia como nos encontrar e, assim, manteremos até o final da pandemia”, enfatizou o gerente do Fab Lab FEB 360º.
Segundo Vanzolin, essas máscaras foram confeccionadas com materiais de engenharia, como o plástico PETG que é mais resistente, TPU (plástico flexível), elástico e acetato. “A máscara possibilita que sua viseira seja descartada e sua estrutura desinfectada de forma fácil, mesmo em locais com pouca infraestrutura”, explicou o gerente do Fab Lab FEB 360º. Para a produção dos dispositivos de segurança, o grupo contou com impressoras 3D em FDM e resina, scanner 3D e softwares de edição.
As máscaras produzidas foram disponibilizadas gratuitamente à Santa Casa de Misericórdia de Barretos, Hospital Nossa Senhora, Hospital São Jorge e Hospital de Amor.
Além das máscaras, o Fab Lab FEB 360º também participou da criação de aspiradores bucais desenvolvidos em parceria com o cirurgião-dentista e ex-aluno da instituição, Rogério Ferreira da Silva. “Neste projeto, foi criado um aspirador de spray bucal para auxiliar os dentistas a se prevenirem contra a contaminação da Covid-19”, destacou Vanzolin, que utilizou impressoras 3D, seguindo rígidos critérios de segurança, com materiais de qualidade e obedecendo níveis de alto controle para garantir que cada peça estivesse pronta para o uso seguro dos profissionais da odontologia.
Ainda de acordo com o gerente do Fab Lab FEB 360º, este aspirador tem capacidade de aspirar até 80% do aerossol produzido pelo motor de alta rotação e pelo aparelho de ultrassom utilizado no consultório odontológico. “Isso evita uma possível contaminação do dentista, porque o equipamento tem bordas arredondadas e abertura ampla para ser mais eficiente”, destacou.
Em ambos os projetos, infelizmente, por conta da pandemia, não foi possível a participação de alunos porque para a elaboração dos protótipos era necessário ter contato direto com profissionais da linha de frente. “Por questões de segurança dos alunos, preferimos utilizar apenas os profissionais da instituição”, explicou Vanzolin.
Como o Fab Lab é um espaço maker mundial de compartilhamento de projetos, o UNIFEB disponibilizou os arquivos dos protótipos em nuvem com o link nas plataformas em que foram cadastrados.
O Fab Lab FEB 360º também conseguiu que estes protótipos fossem cadastrados no site da OSMS (Open Source Medical Supplies) como fabricante, inclusive com menção do UNIFEB em relatório da instituição internacional. “Para que nosso cadastro nesta importante instituição fosse aceito, nós preenchemos um formulário com todas as especificações dos materiais, processos de fabricação e modelagem, quantidades máximas que conseguimos produzir no dia e também informamos se podemos enviar ou fabricar a pedido de outros lugares, além de alguns detalhes sobre o laboratório. E logo depois fomos aprovados e cadastrados”, finalizou Vanzolin.