Neste dia 3 de abril, a Santa Casa de Misericórdia de Barretos está celebrando 103 anos de vida, mas há uma polêmica em torno da data. A fundação do hospital aconteceu, oficialmente, no dia 9 de janeiro de 1921, no entanto, somente no dia 3 de abril o hospital passou a funcionar de fato.
A historiadora barretense, Karla Armani, realizou um grande trabalho de pesquisa sobre o hospital durante anos e comenta que “é muito importante que nós conheçamos um pouco das datas para poder entender não somente a trajetória e a história do hospital, mas para validar muito do orgulho que todo barretense carrega da nossa Santa Casa. A Santa Casa adotou como data oficial da sua fundação o dia 9 de janeiro de 1921, mas o dia 3 de abril é tão importante quanto. Em 9 de janeiro foi formada a provedoria, a primeira mesa administrativa da Santa Casa, cujo provedor era o doutor Pedro Paulo de Souza Nogueira, advogado e ex-prefeito da cidade de Barretos, e o primeiro diretor clínico, o médico, dr. Henrique Pamplona de Menezes. Mas, no dia 3 de abril de 1921 é que, de fato, a Santa Casa abriu as suas portas para atender a população, ainda com o prédio não finalizado, com somente uma ala das enfermarias funcionando. O centro cirúrgico nem era ainda existente, mas havia as condições para os primeiros atendimentos e a primeira internação aconteceu em 3 de abril, há 103 anos”, revela ela.
Armani vai além na história, e regredindo ainda mais no tempo conta que o primeiro hospital de Barretos não foi a Santa Casa, pois em 1912, Barretos teve sua primeira unidade hospitalar, não tão bem estruturada, um pouco menor, chamada Casa de Caridade. “Ela funcionava nas dependências da Sociedade Espírita, 25 de dezembro, um dos centros espíritas mais antigos do país. A Casa de Caridade funcionou até 1920, durante a epidemia da gripe espanhola, para depois dar lugar à nossa Santa Casa. Ela, a Casa de Caridade fundada pelo Centro Espirita, inclusive era conhecida como Santa Casinha à época”, diz a historiadora.
“A ideia de fundação da Santa Casa de Barretos começou com o padre José Martins, que em 1917 fez uma reunião em sua casa, no mês de janeiro, e ali fundou a Comissão Promotora da Fundação da Casa de Misericórdia de Barretos. Foi a semente para o nascer do hospital. Naquele mesmo ano, o padre conseguiu autorização para construção do hospital no terreno foreiro que então abrigava a Praça Antônio Olímpio, esse quarteirão onde hoje é a Santa Casa. Em 1918, a planta arquitetônica assinada por Pagano e Fioravante da Dácio de Moraes já estava feita. Muitas quermesses foram realizadas para se conseguir verba para edificar o hospital e, em 30 de junho de 1918, a cidade ficou em festa em decorrência do lançamento da pedra fundamental da Casa de Misericórdia de Barretos. Na década de 20, também existiram várias quermesses na Praça Francisco Barreto para conseguir verba restante e, portanto, em 9 de janeiro, foi nomeada a sua mesa administrativa e corpo clínico”, resume Karla Armani.
A pesquisa feita por ela contou com os livros de ata do hospital, registros em jornais e cartórios da época, além de entrevistas com várias pessoas. A historiadora gravou um vídeo contando essa história e ele estará à disposição nas redes sociais da Santa Casa de Misericórdia de Barretos a partir desta quarta, 3 de abril, aniversário de funcionamento do hospital.