Secretaria Municipal de Saúde descentraliza exames de dengue e coleta passa a ser feita em todas as UBSs de segunda a sexta-feira das 7 às 9h30

A Secretaria Municipal de Saúde iniciou a descentralização da coleta de exame para identificar dengue e chikungunya. A partir desta quarta-feira, dia 21, os pacientes podem realizar o exame em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Saúde da Família (USFs) da Estância Turística de Barretos e no Postão (ARE I), de segunda a sexta-feira das 7 às 9h30.

O exame deve ser feito pelos pacientes que recebem encaminhamento, o qual é entregue na consulta presencial ou pelo Telessaúde, quando o médico faz a avaliação e, seguindo os protocolos, considera que os sintomas podem ser de dengue ou chikungunya.

A secretária municipal de Saúde, Graça Lemos, destacou que essa medida é um passo muito importante. “Às vezes, a pessoa desiste quando precisa se distanciar da casa dela. Então, agora vai estar no bairro, vai estar próximo”, ressaltou. “Ao abrirmos todas as UBS e todas as USFs para que o paciente tenha facilidade de coleta de sangue, estamos fazendo uma busca ativa dessas pessoas para que a Secretaria trabalhe com a maior realidade possível, com os números corretos”, destacou. Graça enfatizou que a Secretaria atua de forma responsável e com números reais, não com estimativas infundadas.

Marina Francisco, coordenadora na Atenção Básica, reforçou que agora todo paciente que está com encaminhamento e ainda não fez o exame poderá voltar na própria unidade em que foi atendido e realizá-lo. “Por exemplo, o paciente que consulta na unidade do Cecapinha, que é um pouco mais distante do Postão, vai poder voltar lá mesmo onde se consultou e fazer a coleta, a partir do sexto dia de sintoma, como indicado pelo médico. Isso vale para todas as UBSs e USFs da cidade e da zona rural”, destacou.

Planejamento

Dr. Guilherme Freire, médico infectologista da Vigilância Epidemiológica do Município, lembrou que a dengue se tornou uma doença endêmica no Brasil e que requer planos de contingência anuais. “Tudo o que estamos fazemos agora foi planejado desde o ano passado. Alguns detalhes vão sendo atualizados, entretanto o Ministério da Saúde tem protocolos muito bem estabelecidos, quanto a controle de vetores e prevenção e também na questão assistencial”, afirmou.

O infectologista lembrou que as ações são discutidas em conjunto com os entes estadual e federal, fazendo-se as adaptações necessárias conforme o cenário na cidade. Freire explicou que o protocolo consiste em identificar casos suspeitos, fazer o exame na forma e tempo adequado e ter exame disponível para isso, além de prestar assistência de acordo com o nível crítico de cada paciente.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Município, Manuela Theodoro Ribeiro, ressaltou que são elaborados inclusive protocolos para cenários mais graves. “Mesmo na expectativa de que não sejam necessários, até porque as ações em conjunto das Secretarias são para evitar o avanço da doença, buscamos estar preparados”, afirmou.

Conforme informou a Vigilância, até esta quarta-feira, dia 21, Barretos contabiliza 836 casos notificados de dengue, sendo 65 deles positivos, 306 negativos e 459 aguardando exame. A esses mais de 400, a equipe da Saúde reforçou o apelo para que compareçam a uma das unidades e façam o exame. Com relação à chikungunya são 168 casos notificados, sendo 6 deles positivos, 91 negativos e 71 aguardando exame.

Procurar atendimento no início dos sintomas

O infectologista destacou também que a contaminação por dengue se caracteriza por estágios diferentes e, ao começar a ter sintomas, o paciente deve procurar por atendimento. “Tem a primeira fase febril, depois uma fase mais crítica e a fase de recuperação. O paciente é avaliado e as intervenções são feitas de acordo com cada situação”, afirmou Freire.

Ao iniciar sintomas, a população pode procurar a UBS mais próxima ou, se necessário, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde o atendimento é 24h. Todas as UBSs do município e a UPA prestam atendimento médico a pacientes com sintomas de dengue, chikungunya ou de doenças diversas. De segunda a sexta-feira, todas as UBSs atendem a partir das 7h.

Nas unidades dos bairros Marília e Barretos II, o atendimento de segunda a sexta-feira é até 22h. Aos sábados, as unidades dos bairros América, Christiano Carvalho e São Francisco abrem das 7 às 12h para atendimentos inadiáveis.

Para ser atendido pelo Telessaúde e, se for o caso, receber o encaminhamento para o exame de dengue e chikungunya, o paciente deve mandar uma mensagem para o WhatsApp (17) 3612-0003. Dentro de instantes, um atendente iniciará a triagem. O Telessaúde funciona de segunda a sexta-feira das 7 às 17h.

Ação conjunta para conter a doença e dados reais

Freire observou que os sintomas iniciais podem ser semelhantes com o de outas doenças, mas que havendo a suspeita de dengue ou chikungunya, mesmo antes do resultado sair, as medidas de bloqueio já começam a ser adotadas, com visita casa a casa e nebulização nas proximidades dos locais em que o paciente reside e em que trabalha.

O infectologista ressaltou que o trabalho é realizado baseado em dados oficiais e de forma minuciosa. “Temos o privilégio de a nossa rede ser informatizada, então conseguimos inclusive consultar em tempo real todos os pacientes que são avaliados nas unidades de saúde e na UPA com suspeita de dengue. Temos informação real para que as ações sejam feitas de forma real”, afirmou.

Ele reforçou que, quando as pessoas que receberam o encaminhamento comparecem para fazer a coleta de exame, elas estão contribuindo também para identificar qual subtipo da dengue está em circulação na cidade. “Atualmente é o tipo 2 que está sendo identificado aqui na nossa região, então muitas pessoas já tiveram contato com esse vírus e têm imunidade com relação a ele, mas se vem outro subtipo, por exemplo, o 3, há uma série de pessoas vulneráveis a desenvolver a doença”, afirmou. Freire lembrou que o subtipo 3 já foi identificado em outras partes do Estado e que saber qual vírus está em circulação é importante para o plano de ação.

Eliminar criadouros

O infectologista observou que neste caso não é como a Covid-19, em que o vírus é transmitido de pessoa para pessoa e se isola o paciente contaminado para não ter novos casos. “Contra a dengue e chikungunya, o principal foco da nossa ação é eliminar o vetor, ou seja, o mosquito transmissor, e a população é parceira, é um ponto fundamental nesse desafio”, pontuou Freire. “E o mosquito se adaptou. Se há 20 anos ele se reproduzia só em água limpa, agora basta ser água parada, pode ser até uma tampinha de garrafa. É importante a gente entender essas adaptações e fortalecer o compromisso de cada um em não deixar água parada”, ressaltou.