Dezembro chegou. O último mês de 2020 – ano que foi vivido de uma forma que nunca esperávamos viver nem em nossos piores pesadelos, devido à uma pandemia avassaladora, cruel, implacável e invisível. Uma ameaça que não sabemos de onde vem, é sempre a pior delas.
E lá em março, no começo do isolamento social aqui no Brasil, eu ouvi a seguinte frase de amigos e familiares otimistas incorrigíveis: “essa pandemia veio para tornar as pessoas melhores”. Até coloquei em destaque porque é forte. É um pensamento lindo. É maravilhoso você colher rosas em um mar de espinhos. Mas, na prática, o buraco é mais embaixo.
Quer dizer, temos os dois lados da moeda: tem o grupo A, que sim, melhorou. Eu assisti a uma reportagem televisiva que mostrava a união de pessoas de um condomínio. Os mais novos faziam compras para os mais velhos evitarem os supermercados.
Em outro lugar, pequenos empreendedores criaram um grupo em redes sociais, onde cada um divulgava seu serviço ou produto de forma que fossem obtendo mais clientes e aumentando a fonte de renda.
Outras pessoas se redescobriram: tiraram de si uma força imensa, mudaram o setor de atuação, ou passaram a usar a casa como empresa própria ou como extensão do local em que trabalha, o famoso home office. Ou seja, essas pessoas não pararam. Ao contrário, encontraram até outro nicho no mercado – as costureiras e as máscaras que o digam.
Teve gente que não parou os estudos; continuou seus objetivos, tomando as devidas medidas de segurança. Educadores tiveram de virar blogueiros ou mais adeptos da tecnologia e se reinventar. No começo é assustador. Você acha que não dá conta, que não nasceu para isso. Porque, na verdade, você nasceu é para dar aula olhando no olho e abraçando os alunos. Depois, você vê que um carinho à distância é possível e que todos são capazes de refazer a Educação, uma vez que ela não pode parar. É lindo de ver e de viver; palavra de professora vivendo na pele tudo isso.
Ah… tem ainda os que fazem questão de marcar presença em aniversários ou em outras reuniões de família e amigos, mesmo que pela internet. Ver o rosto das pessoas que estimamos naquele quadradinho do celular ou do computador já dá um certo alívio.
Todavia, estes, meus caros, são os integrantes do Grupo A.
Agora, falemos dos integrantes do Grupo B. Antes, vamos retomar a seguinte frase lá do início do artigo: “essa pandemia veio para tornar as pessoas melhores”.
Rapaz… não é bem assim. Teve gente que usou o isolamento social para fugir dos pais, avós, de visitar algumas pessoas ou de recebê-las em suas casas. Isolou-se com muito gosto.
E tem gente pior: aglomera, vai para a balada sem dó, não usa máscara, não se preocupa. Acha que é imortal. Não nos esqueçamos que esse vírus é tão cruel que age de forma diferente em cada organismo. Tem gente que o tem e nem sabe e sai transmitindo deliberadamente. Não sabe que tem, mas também não se cuidou.
Tem também aqueles que pararam os estudos ou o trabalho por preguiça, colocando a desculpa na pandemia. Sim, há quem parou porque se sente inseguro frente ao coronavírus. Esses merecem respeito. Por outro lado, é nítido quando alguém usa isso como desculpa. E é bem feio!
Diante desses dois grupos, te pergunto: tem vírus dentro de você? O vírus da negligência, do comodismo, das desculpas esfarrapadas…
Todos nós temos de usar máscaras. Cabe a nós a decisão de qual será.