Um estudo publicado em novembro pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que 700 mil casos de câncer surgirão por ano entre 2023 e 2025. A região Sul e Sudeste aparecem com a maior incidência, cerca de 70%. Isso destaca a importância da prevenção, especialmente do câncer de pele, que concentra a maior parte dos casos.
A pesquisa realizada pelo instituto, nomeada “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, evidencia que o câncer com mais incidência, cerca de 31,3%, é o de pele não melanoma. Com a chegada do mês de dezembro, a campanha Dezembro Laranja, criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), é articulada para conscientizar as pessoas sobre a doença, que atinge cerca de 185 mil pessoas anualmente, segundo o INCA.
Em 2022, o tema principal da campanha é “Não espere até sentir na pele”, alertando para a importância de cuidar com frequência da saúde do maior órgão do corpo humano. Além disso, ressalta a importância de ter consciência sobre a doença o mais cedo possível, porque as ações tomadas desde a infância podem ser decisivas conforme a idade avança.
Silvana Coghi, dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo, aponta alguns fatores que podem ocasionar o câncer de pele: “a exposição solar sem proteção física (chapéu, óculos de sol, guarda sol), ou através de protetores solares são fatores importantes para o câncer de pele, o histórico familiar, imunidade baixa em transplantados e as características da pele são questões que também devem ser observadas”, explica.
Alguns hábitos, como o uso diário de protetor solar, com no mínimo, FPS 30 – mesmo em dias nublados –, a realização de um auto exame periódico para estar atento aos sinais que a pele pode apresentar e evitar a exposição aos raios UVA e UVB – especialmente entre 10h e 16h, o período mais quente do dia –, são importantes para a prevenção do câncer de pele.
“A incidência do câncer de pele é maior entre pessoas com mais de 60 anos. Porém, para que a prevenção seja eficaz, os hábitos precisam ser praticados ao longo do tempo, desde a infância, porque se trata de uma condição que se agrava com a idade”, evidencia ela.
Diagnóstico precoce aumenta as chances de cura
No Brasil, de acordo com dados do Atlas de Mortalidade por Câncer de 2019, o câncer de pele foi a causa de morte de cerca de 4,5 mil pessoas, entre 2,6 mil homens e 1,9 mil mulheres. Dentro disso, Coghi ressalta a importância de prestar atenção nos sintomas que a pele pode apresentar precocemente.
“Os sinais e sintomas que podem evidenciar a necessidade de uma visita ao dermatologista com essa suspeita, são manchas na pele que ocasiona coceira, ardência, descamação ou sangramento e feridas que levam muito tempo para cicatrização sem outro motivo aparente”, exemplifica a dermatologista.
Existem três tipos de câncer de pele, sendo estes: o carcinoma basocelular (CBC), o carcinoma espinocelular (CEC) e o melanoma. O carcinoma basocelular é o tipo mais comum da doença e se desenvolve na área mais profunda da epiderme, com a aparência semelhante a de um eczema, sendo o tipo com maior chance de cura se diagnosticado no início.
Tanto o carcinoma basocelular como o espinocelular se desenvolvem com maior frequência em regiões expostas ao sol, no entanto, o carcinoma espinocelular tem uma propensão menor de se manifestar em regiões não expostas também, já que se trata de um tipo de câncer de pele que afeta as células escamosas na camada mais superficial da pele.
“O melanoma é o câncer de pele mais raro, afetando a melanina do corpo humano. Ele se manifesta visualmente em pintas ou manchas em tons amarronzados ou enegrecidos na pele. Embora seja o tipo menos prevalente, também possui a maior taxa de mortalidade.”, comenta Coghi.
Dentro disso, a especialista ressalta a importância do diagnóstico precoce, afinal, mesmo que o melanoma possua a maior taxa de mortalidade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, as chances de cura dele podem chegar a 90% quando diagnosticado o mais cedo possível.