O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da Secretaria Municipal de Saúde da Estância Turística de Barretos realizou capacitação sobre atendimento a múltiplas vítimas e sobre atendimento e manejo a paciente suicida e abordagem técnica a tentativa de suicídio. Mais de 90 pessoas acompanharam as palestras organizadas pelo Núcleo de Educação Permanente (NEP) do serviço, realizadas na última sexta-feira, 24, na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos (FACISB).
As palestras foram voltadas para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, condutores de ambulância, telefonistas auxiliares de regulação médica do SAMU de Barretos e das outras nove cidades que compõem a regionalização. Também participaram bombeiros, policiais civis e militares, profissionais de saúde que atuam em outros serviços e estudantes da área. “Notamos o aumento de casos de psiquiatria. A partir disso, buscamos essa capacitação para que nossas equipes possam aprimorar os atendimentos e para que os profissionais de toda a rede de saúde percebam de que maneiras cada um pode contribuir”, afirmou o médico Paulo Muzetti, coordenador geral do SAMU Regional de Barretos. “A gestão da Paula Lemos e o secretário de Saúde, Kleber Rosa, procuram sempre providenciar capacitações para que nossas equipes estejam cada vez mais preparadas para os diferentes tipos de atendimentos que fazemos”, concluiu.
A apresentação sobre o protocolo Start, de atendimento a ocorrências com múltiplas vítimas, foi conduzida pelo Tenente Frank Andrade, Comandante do Corpo de Bombeiros do município, no período da manhã. Nas atividades da tarde, o Tenente PM Mário Lima Nascimento, de Ribeirão Preto, realizou a palestra sobre abordagem técnica à tentativa de suicídio. Atendimento e manejo ao paciente suicida foi o tema abordado por Flávio Martins, psiquiatra e psicoterapeuta na Estância Turística de Barretos e professor de psiquiatria e habilidades médicas relacionadas à saúde mental. “É uma honra poder contribuir com o SAMU nas atividades de educação permanente”, disse Martins.
“Falar sobre suicídio é o primeiro passo para prevenir”
Martins ressaltou que a cada hora uma pessoa morre por suicídio no País e que no mundo são 80 mil vítimas por ano, sendo a segunda principal causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos. Mais de metade dos casos são em países de média e baixa renda, classificação em que o Brasil se encontra. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) instituição em 2019 a data 10 de setembro como Dia de prevenção ao suicídio. “É função dos serviços de saúde evitar que as intercorrências tenham desfechos graves. Temos a missão de reorganizar nossa rede de atenção psicossocial no município”, afirmou.
O médico observou que os dados científicos apontam que perguntar a um paciente se tem pensamentos suicidas não estimula a ter e que é importante que profissionais da atenção básica levantem esse questionamento para que pacientes que precisam de apoio sejam identificados e passem a ser acompanhados. “É preciso perguntar ativamente, mesmo que a gente não desconfie que possa estar acontecendo algo relacionado à desesperança e vontade de tirar a própria vida. Os profissionais da atenção primária são essenciais nisso”, reforçou.
Ele ressaltou a importância do trabalho em conjunto dos setores da saúde e da estratégia de persuasão verbal em um momento de surto. “Se a abordagem é feita sem intervenção brusca, não fica uma marca traumática que possa levar a repetir o ato em outro momento de desespero. E é importante que o paciente construa vínculo com os profissionais de saúde para que possa repetir o pedido de ajuda no serviço antes de repetir a tentativa”, afirmou.
“Falar sobre suicídio é o primeiro passo para prevenir. Também é preciso levar em conta que a tentativa prévia é um fator de risco importante”, destacou. O médico reforçou para os participantes as faixas etárias, características e condições considerados fatores de risco. Em determinados casos, esses fatores se combinam. São pacientes aos quais é relevante que os profissionais de saúde fiquem bastante atentos, além de se buscar interlocução com familiares e com pessoas próximas para que sejam acompanhados, ouvidos e tenham a quem recorrer quando precisarem.